domingo, 27 de dezembro de 2009

A desordem e o caos na educação infantil: a diferença possível e necessária em 2010


No jardim do Éden, o pecado se originou da mulher que morde a maçã e oferece ao homem a outra parte do que era-lhes proibido e do erro original de ambos, tentados por aquilo que não podiam, adveio a desordem do mundo: a dor, a violência, a separação, a fome, o labor (laborare, em latim, é sofrimento, esforço penoso); a vocação, o lar e o lazer aliviam. Outros olhares valorizam outros enredos do contexto. Depende da intenção.

As faces deste recorte tencionam falar do jardim de nossas infâncias. Os desenhos, as falas, a música, a ordem, a indisciplina, as risadas, o desconcerto, a piada, as matintas-perêras assustadoras, os lobos-maus em volta, os bosques escuros, os fantasmas assombrando, o medo de escuro se impondo nos cotidianos, as palmatórias e as sabatinas a ameaçar. A história (re)voltando, revolvendo, remexendo.

De qual semente viemos? Froebel (1912) cuidava de formar jardineiras, substitutas das mães, em um mundo mais feliz, cheios de belas flores. Crianças livres a brincar. A ordem traz a felicidade. A desordem, o caos. E nós vamos por qual caminho? Do alfinete ou das agulhas? Qual chega mais rápido?

Que escola queremos para 2010? A da ordem ou da desordem? Como se equilibra cultura e ciência, saber e conhecimento? Pelas mediações sensíveis e por isso inteligentes. Pode haver outras respostas. No momento satisfaz.

Valorizar as percepções, o conhecimento, as relações, as ideias... Assegura-se a aprendizagem pela compreensão, não somente através de ensaios e erros, daquela feita, de cabeça-bem-feita, os conhecimentos se tornam possíveis, acessíveis e podem ser melhor adquiridos. Bem formados. A afetividade é o motor da inteligência. O que afeta? O que é afeto? Quem afeta? Sobre quem e para quem? Interdependências! Inclusão.





A criança quando desenha expressa a forma como vê o mundo na ponta de seu lápis, riscos leves, riscos fortes, sentimentos mil por hora ou devagar quase parando. Qual é o combustível? Também na assincronia do mouse diante do paint pela primeira vez. O toque criativo frustra e requer do adulto o desenho bonito para só pintar, o programa pronto que no leve toque a cor se ajusta no espaço dado.

Assim, o erro não é permitido, a irregularidade é vergonha ou motivo de piada. Depende do observador. A mão cobre o feito. A mão desiste da autoria pois se percebe incapaz. Os movimentos precisam corresponder aos demais, as falas devem estar num coro só, a música cotidiana traz os mesmos gestos, e ali tudo é felicidade. Quem ousa ser diferente? Quem diz/mostra que as coisas podem ser diferentes.

Nasce o que é bom. Segue-se o mestre. Modelos prontos perfilam no varal. O mais borrado é escondido das vistas. Por quê? Quantas histórias experimentam o lugar comum e tantas poucas ousam ouvir narrativas, aceitam os desenhos livres, incentivam os traços, a rabiscação, o borrão, a descoberta - a partir do movimento circular - do círculo verdadeiro. Dele vem o boneco, até mesmo antes do fechamento completo, já se pronuncia a tal bola que bateu e derrubou o copo de cima da mesa de casa e caiu na cabeça do gato e bem no momento que o pai chegou em casa e daí... e daí... e daí!? O borrão esconde o pecado. Alguém perguntou? E o respeito à liberdade?


Como ver as diferenças? Os diálogos de meninos e meninas. A mídia escancara. Quem dialoga?

Os desenhos trazem narrativas e não mais a casa, a árvore, o sol, a montanha, a chaminé, o sorvete, a menina, o elefante, os pássaros no céu. O que está acontecendo naquele cenário? Que casa é aquela? Como a menina passa por aquela porta diminuta? Por que a menina está feito uma estátua segurando um sorvete? Como a geometria se delineia enquanto perspectiva, figura fundo e segredos? O desenho é para a professora. A professora carimba com um "está lindo", "ótimo", "pinte no limite do desenho" etc. E a conversa?

O filme abaixo nos exige breque com conformação ou mudança, é ficção ou realidade?

A ciência do caos tem ligações com disciplinas científicas tradicionais, unindo tipos não-correlatos de descontrole e irregularidade: da turbulência do tempo até os ritmos complicados do coração humano, do desenho dos flocos de neve até os redemoinhos das areias do deserto varridas pelos ventos. Apesar de sumamente matemático em sua origem, o caos é uma ciência do mundo cotidiano, formulando indagações que todas as crianças já se fizeram: sobre a forma das nuvens, sobre a causa da ascensão da fumaça, sobre a maneira pela qual a água forma vértices numa correnteza (GLEICK, 1993).
A educação é uma questão de gênero? É específico de Eva! Mulheres são mais sensíveis e aceitas entre as famílias. Os homens podem cuidar e ensinar crianças diante dos escândalos da pedofilia? O tema dá um bom debate sobre cultura e educação. A escola dos "pequeninos ou maiorzinhos" é predominantemente feminina. Os meninos veem a professora como uma eunuca, a mãe. Mulher pode. Homem não pode dar aula para crianças. O dito que não é dito e a cultura vela, inconsciente ou não. Assim desvelam os números, da Revista Nova Escola. Que país é esse? Ele se mostra em cada rincão brasilense e bamboleios. Em cada metro quadrado
de escola. A universidade exige pessoas inteligentes. Acolá os homens tem maior número que outros níveis de ensino. Alguém se perguntou por outros números? Por exemplo, por que meninos (sen)tem mais dificuldades de aprendizagem? Por que há mais meninos retidos que meninas? E os números da defasagem? A aprendizagem é uma questão de gênero?

Devemos pensar em recomeçar ou fazer diferente revendo experiências vividas, percorridas e percebidas. Dezembro possui uma energia toda especial, universal, flagramo-nos no amanhã bem ali, dispostos a melhorarmos como seres humanos por causa da passagem para 2010. Por que sempre sentimos a necessidade de evoluirmos na roda-viva? Podemos mudar nossos comportamentos e quebrar padrões para que não se repitam; se erramos, levantamos com as perspectivas das aprendizagens necessárias e possíveis. Podemos fazer com que a nossa própria energia se transforme em sentimentos positivos.

Nem tudo está perdido se não conseguirmos realizar o pretendido, se as mudanças não se efetivam. Tiquinhos de esperanças pululam diante da perplexidade de tanta guerra, morte, crueldade, verdadeiras barbaridades presenciadas a cada minuto na mídia e também a partir do local onde nos encontramos. E o nosso mundo interno? Pode ser melhor e novas conquistas se tornam possíveis.

Não há mudanças repentinas. Não há relação de poder que não se seja acompanhada da criação de saber, e vice-versa, segundo Foucault. Mudar não está acima de nós, exige-nos questionamento reconstrutivo, proposições. A criança inquieta o poder estabelecido por uma sociedade e em um dado grupo social. Nosso medo e insegurança de conseguir realizar alguma mudança pode ter a origem na infância, quando nos faziam acreditar que não seriamos ouvidos e capazes de resolver algo por nós mesmos. Que deveríamos somente ouvir, obedecer e aceitar, não poderíamos questionar, sermos alegres, amorosos e com desejos, interesses e atitudes.

Nem sempre é possí­vel ter certeza do resultado de nossas escolhas, mas lembrar-se de que se não mudar ou tentar, os resultados poderão ser os mesmos e a insatisfação continuará ao final do outro ano. É isso o que se quer? Para mudar o resultado teremos que mudar alguns pensamentos e comportamentos. Como você e eu podemos começar? Repensar, arregaçar mangas e ir em frente! Qual pode ser o primeiro passo? Isto só cada um de nós pode responder, e nem precisamos esperar o próximo dia 31 de dezembro, mas iniciar o processo de mudança desde já! Para saber quais respostas desejamos é preciso saber ouvir aquela voz que nos fala bem no fundo da alma e raramente nos permitimos ouvi-la: ouvi-la é o aprendizado primário - pois é somente a voz do coração que clama por amor, compreensão e paz sobretudo conosco mesmo. Um exercício diário em 2010, a cada dia e todos os dias. Simples assim! Que nossos sagrados sonhos se realizem! É a paz! É o contexto necessário para estar com o outro e continuarmos caminhando.

Referência:
GLEICK, James. Caos: a criação de uma nova ciência. 2 ed. Trad. Waltensir Dutra. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1993.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 29 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Natal combina com leituras: novo selinho


Adrianne Ogêda, chegou de uma bela Ilha, verdes-mares, com uma boa novidade, depois de me oferecer conchinhas imaginárias lançou-me o selinho para casar o espírito natalino - as nossas representações, identidades e "renascimentos" - com leituras, através de livros lidos em 2009, outras identificações ou nascimentos. Vale a pena ir até lá e conferir suas sensações, percepções e (re)descobertas advindas da ventura de conhecer Fernando de Noronha.

As regras são:

Enumere 10 livros que o/a marcaram este ano:

1. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social, de Roxane Rojo
2. Da fala para a escrita: atividades de retextualização, de Luiz Antônio Marcushi
3. Alfabetização possível: reinventando o ensinar e o aprender, de Jaqueline Moll
4. A arte de escrever, de Schopenhauer
5. Tomada de consciência e conhecimento metacognitivo, de Sandra Regina K. Guimarães (Org.)
6. Os significados dos desenhos de crianças, de Ângela Anning e Kathy Ring
7. Frato, 40 anos com olhos de criança, de Francesco Tonucci
8. Tantas palavras, todas as letras, de Chico Buarque
9. Mulher com o seu amante, de Stella Pessôa
10. Memórias de um suicida, de Yvonne A. Pereira

2) Responder a pergunta:

- O que é que gostas mais de fazer no Natal?

Estar com a família e em minha casa, incluindo meus quatro daschund teckelI, popular salsichinhas. Mas, podemos estar juntos em qualquer lugar também. E imaginar, sonhar e planejar o amanhã mais feliz a todos através de meu trabalho pedagógico partilhado com muitos colegas. Ouvindo o diferente e aprendendo muito mais para melhor re-olhar e repensar o cotidiano, o ambiente e as nossas relações interdependentes para novos vôos.

3) Dar este selinho a pelo menos 3 pessoas (clique nos nomes das colegas para chegar até seus blogs).

Lenira, Deolinda, Claudiane e Vanda, penso que vão brigar menos na escolha, eh! eh! eh!, o quarteto está cada vez mais afinado. Dá uma olhadinha no blog delas.

Marli Fiorentin, do delicioso "Ficção versus Realidade".

Raquel, blogueira recém-descoberta, através do blog de professora Socorro Braga, de Bragança-PA.

Estou louquinha para conhecer as leituras de vocês também.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Revanche de edublogueiros nas trilhas da escrita e recursos imagéticos: assim mostram a nossa cara


Partilhar uma mesa com outras e diferentes pessoas tem algo de sagrado. Assim aprendi a ver aquela imagem de Jesus na ceia. Assim entendo as famílias que buscam trazer o sagrado alimento que sustenta a Vida que corre nas veias de todos da casa e de outros mais que a ela se achegam.

Partilhei a mesa, em uma solenidade de entrega dos prêmios para educadores e escolas vencedores do II Educablog Paraense, com outras pessoas que significaram muito para que esse momento acontecesse e sinalizasse um novo tempo na educação pública do Pará.

Lá estive representando a comissão avaliadora do certame, porém, muito mais como apreciadora do processo interativo de professores com a máquina, de professores com seus pares e alunos parceiros que aprendem a lidar com o conhecimento tecnológico e através dele aprimorar competências, habilidades, intensificando ainda mais os protagonismos pedagógicos necessários e em um tempo que exige re-olhar as nossas relações de interdependência com o mundo e suas voltas, a clamar por mais humanismo e ética.

Coube a mim, e a outros dois colegas, a avaliar professores blogueiros. Estilos diferenciados.

O projeto mexe com a educação e o pensamento reflexivo de seus educadores que apresentam a práxis desenvolvida na escola e em todos seus ambientes pedagógicos, incluindo cotidianidades, sentimentos e percepções acerca da vida e sua dinâmica curricular.

Nos blogs a face discursiva expõe suas interfaces representativas de um ou mais grupos, por pilhagem, recortes ou reinvenção, de gerações e localidades, realidades e invisibilidades desfilam e suas subjetividades criativas, prazerosas, significativas e até divertidas permitem, remarcam, questionam e aproximam a relação teoria e prática. A nova face imagética e discursiva repagina e articula os conhecimentos escolarizados. É a tão decantada interdisciplinaridade acontecendo.

Os professores assumem a função de orientar projetos de alunos mediando saberes e conteúdos, latentes e manifestos, que reintegram componentes do cotidiano, observando realidades, texturas, vozes, gestos, luzes, cores, vestimentas, topografias, utopias e recônditos digitais emergem, talentos surpreendentes. É o novo. Os desafios da geração. O melhor são os possíveis advindos da multiplicidade do diálogo, reconhecendo o colega de sala, da sala ao lado, de turnos diferentes, estranhos que se permitem conversar, os comentários exaltam as interfaces dialógicas. Novas aprendizagens com o diferente. Basta ser instigante ou simplesmente saber cativar o outro. As postagens chamam discursos e outros horizontes se descortinam. O conteúdo se desdobra. A vida perpassa a ciência e a cultura.

O mundo pode ser fascinante e dar chances às vocações, às perspectivas, às esperanças, às mudanças. O devir não é indesejado, pois, "o que foi antes já não é, o que não tinha sido é, e a todo instante é uma coisa nova" (Chauí apud Ovídio, 2003). A boa nova, destes novos tempos, é que a alegria é possível. A paz também. Talentos motivam talentos. O fracasso escolar pode ser revisto. As defasagens idade-escolaridade podem ser superadas.

Imagens focam o cotidiano e eventos de aprendizagens promovem seus protagonistas. Reorganiza-se a imagem da escola, a comunidade participa e no trânsito interativo dessa tela - vitrine global - os blogs se destacam.

Desta maneira o novo tempo se descortina, professores escrevem, questionam, ilustram, desconstróem, e também a si, reorganizam espaços e o tempo, argumentam, integram ações, enfrentam realidades e os desafios atuais.

O blog proclama e renova sonhos de um mundo melhor e possível a todos. É o que subjaz nas escritas de cada edublogueiro que tive a oportunidade de avaliar. E aprender. As autorias ganham espaços e deixam aos poucos os velhos tempos do control c - control v. Precisamos legitimar nossos pensamentos nos discursos escritos de que fomos historicamente privados. Essa é a chance, a oportunidade, a revanche de brasileiros edublogueiros.


Referências: CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2003. (p.31)
Foto 1: meu arquivo pessoal

Foto 2: Rai Pontes/Ascom/Seduc, disponível em: http://www.seduc.pa.gov.br/portal/index.php?action=Destaque.show&iddestaque=565&idareainteresse=1

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Tempo de Leitura: presentificações e historicidades


Adrianne Ogêda, a querida colega lá do Rio de Janeiro, que leciona também por Macaé, me presenteou com este belo selo.

Fugi da regra, pois, tinha eu que escolher três livros e apresento mais um, talvez esteja em fase mais reflexiva e volte a remexer os livros, quem sabe por estarmos no final de 2009, revisão, limpeza de casa, planejamento 2010, novo ano, perspectivas, presentificações, sonhos, mudanças necessárias, promessas para si mesmo etc e tal. Fiz uma viagem pela filosofia e pela religião...

Para todas as crianças e de todas as idades...
Menino Deus, Menino Jesus e para as Simplesmentes Marias (às músicas, com o tempo necessário, clique nos links anteriores). Homenagens singelas. Supremas a todos nós! Assim começo com um livro infanto-juvenil, para variar. E este primeiro é o meu adendo:

GAARDER, Jostein. Ei! Tem alguém aí? São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1997.

Um irmão espera outro que está a nascer e nesse meio-tempo um outro menino vindo de um planeta distante aparece dependurado como uma maçã em uma macieira, de ponta-cabeça, vindo de outro planeta e nascido de um ovo. Não sabem quem está ao contrário e seguem-se perguntas a questionar o óbvio. Que gosto tem a primeira maçã que alguém tem na vida? Há belezas como a reconhecer o fato de que “quanto mais escura a noite maior é a quantidade de sóis que podemos ver no céu”. E o que nos leva a seguir em frente é saber que “a resposta é sempre um trecho do caminho que está atrás de você. Só uma pergunta pode apontar para a frente”. Assim os dois novos amigos interrogam-se e se divertem muito com os enigmas partindo da premissa que as perguntas merecem reverência. Sobre a amizade no meio-tempo encontrei à significativa passagem “quando duas pessoas levantam a cabeça e cada uma sai do seu vale profundo para encontrar a outra lá em cima da montanha, pouco importa como se chama a montanha, ou de onde cada uma veio”. Por isso vale a pena ler o livro pelas redescobertas que fazemos com as crianças.

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

Mudar o mundo e o ser humano a partir de si mesmo, é fácil? É desafiar-se, desafiante, desafiado, pois, de nós não podemos calar. Segundo Nice (prólogo, 1886), este livro exige muito, “ele se dirige a pessoas que não vivem atormentadas por uma obrigação boçal, ele pede sentidos delicados e exigentes, tem necessidade do supérfluo, da superfluidade de tempo, de clareza de céu e coração, de otium [ócio] no sentido mais temerário...”.

ZOHAR, Danah. O ser quântico: uma teoria revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova física. 7 ed. São Paulo: Best Seller, 1990.

A autora procura examinar as noções de ser, movimento e relacionamento a partir da física quântica. Para ela “as coisas e acontecimentos que eram vistos como seres separados são agora aspectos múltiplos de um todo maior e suas existências ‘individuais’ se definem através do contato com esse todo”. Apresenta no livro o conceito quântico de “relacionamento não-local”, oferecendo a chave para compreendermos a nós mesmos e nossa interação com o mundo do qual somos parte. Tem muito a ver com o mundo do ciberespaço, o da blogosfera, pois, segundo ela, “todas as coisas e todos os momentos tocam uns nos outros em todos os pontos”.

REVEL, Jean-François; RICARD, Matthieu. O monge e o filósofo: o budismo hoje. 2 ed. São Paulo: Mandarim, 1998.

Gosto de discutir paradoxos. Promover a dialética e buscar o diálogo pela observação de pontos convergentes, motivações divergentes. É a compreensão a traçar o plano dos possíveis e imagináveis. É a reconciliação. A compreensão. O respeito às diferenças. Neste livro, pai agnóstico e filho budista conversam a respeito do crescente interesse sobre o budismo. Um é filósofo ocidental e o outro é um monge ocidental com educação oriental. O livro ajuda aqueles que desejam conhecer mais sobre o budismo. Um bom bate-papo. Não é um livro recente, mas continua atual. Há mais coincidências do que divergências entre quem reza e quem medita. O encontro de religiões, o ecumenismo dos homens e a atitude de abertura espiritual é que fazem a diferença no mundo. A questão da globalização da violência é tema debatido no mundo inteiro. Angustia o educador, o professor que vive no cotidiano das escolas.
Por outro lado, “quando não se tem consciência da verdadeira natureza das coisas, a pessoa se apega ao modo aparente delas. O mal não passa de uma aberração, assim como o erro não passa de uma percepção incorreta da realidade. Em essência somos perfeitos e a ignorância e a violência são os véus que nos afastam de nossa natureza verdadeira e fundamental, então, por isso, ele (o mal) de fato ‘aparece’, mas nem por isso tem existência própria. Quando se toma uma corda por uma cobra, a cobra nunca existiu, em momento algum e de nenhuma maneira, a não ser ilusória. O erro, portanto, só tem um modo de existência puramente negativo, não possui existência própria. É pelo fato de o conhecimento ser a natureza última da ignorância que esta pode ser dissipada. Pode-se lavar uma barra de ouro, mas não se poderia embranquecer um pedaço de carvão” (p.172-3). Há que rever as nossas realidades e enfrentar os fantasmas do mal, do erro, da violência e resgatar a pessoa. O livro nos ajuda a re-olhar todos os cantos e recônditos do ser/estar. “A ignorância aparece no seio do conhecimento, mas, não pertence à natureza última do conhecimento (...) o ouro não muda nunca, mesmo mergulhado na lama; o sol brilha continuamente, mesmo escondido pelas nuvens” (p. 173-4). É preciso acreditar na transformação e acreditar nos projetos pedagógicos diante - e nas - realidades das escolas da vida.

Nessa corrente amiga repasso o selinho ao e às amantes da leitura, como eu:

1. Tati Martins (Rio de Janeiro, RJ)
2.
Lenira, Deolinda, Claudiane e Vanda (Baixo Guandu-ES)3. Eduardo Marculino (Rio de Janeiro, RJ)
4.
Sheila Regina (Marabá-PA)
5.
Mary Sônia (Marabá-PA)

sábado, 5 de dezembro de 2009

Instigante: a palavra da vez


Olha que selinho mais blogueiro...

Boa palavramundo nesse ambiente dos edublogueiros, a INSTIGANTE, através dela encontramos muitos de nós por aí espalhados. Bom passeio instrutivo, amigo...

Recebi este selinho da
Jenny que me fez lembrar de Marisa Monte a conhecer e aprender com gentileza. Estamos a fazer nossas releituras sobre “gentileza gera gentileza”. Podemos e devemos cuidar de nosso tempo e reaprender outros e novos ritmos, cadências, respirações, libertações do eu tão apressado que se esquece e de ver seu semelhante. Espelhos d’alma. Um olhar desvelador para além do espelho. Fez-me à flor da pele de Hilde (em: O Mundo de Sofia) atravessando o lago naquele barco e a se deparar com o tal espelho mágico naquela cabana, paradoxos do mundo real/irreal. Nessa rede autopoiética aprende-se a se auto-organizar e a vibrar com o inesperado, percorremos por novas conexões a ampliar leituras e redescobrir linguagens, percebemo-nos resilientes diante de um mundo caótico, complexo, violento, contraditório que nos exige botar ordem em nosso e noutros ninhos, com cadinhos de esperanças e paz a sorrir, porque somos teimosos e reaprendemos a palavra solidariedade. Reeducações. Superações.

Tecendo os caminhos dos selinhos e no intermédio de suas muitas homenagens cheguei até uma
outra Maria e não posso deixar de aqui transcrever suas belas palavras sobre o que é ser instigante:

Esse selo representa os blogs que além da assiduidade das postagens e do esmero com que são feitos, provoca-nos a necessidade de refletir, questionar, aprender e sobretudo que instigam almas e mentes à procura de conhecimento e sabedoria”.

Diante da textualidade, convido a todos por lá passar e conferir... Nesse momento tenho três blogs a homenagear pelo perfil instigante:


Tati Martins, muito boa instigante que se e nos desdobra em suas boas postagens. Sabe instigar e nos levar a passear pela net.
Adrianne Ogêda, a nova amiga amante da leitura e da educação sempre nos convida a viajar e a encontrar novos e bons amigos. Suas dicas sempre me enriquecem.
Franz, o professor mediador que iniciou muita gente aqui no Pará, as escolas municipais e estaduais estão dinamizando suas didáticas através da blogagem pedagógica, inovando, redescobrindo ânimos e linguagens, além de que, seus post merecem nossa reverência pela diversidade, pelas palavras muito bem colocadas, pela harmonia e sensibilidade educadora e crítica na medida certa. E por isso mesmo instigador, inquietante, ético porquanto educador amigo.